A modernidade líquida é a denominação de Bauman para os tempos atuais, que destaca a fluidez das relações humanas, inclusive no campo profissional. Na gênese do moderno capitalismo brasileiro, foi necessária uma Educação Física que visasse à doutrinação saudável e patriótica daqueles que fossem submetidos aos seus ensinamentos, camuflando, assim, os interesses dos grandes impérios fabris. Contudo, o sonho positivista da Educação Física de um cidadão trabalhador e servidor da pátria desmorona com o fim da modernidade sólida, instalando-se uma grande crise de identidade da Educação Física, que passou a não pertencer a mais nenhuma comunidade de discurso hegemônico. Se antes tínhamos uma Educação Física com objeto de estudo e consequentes objetivos muito bem definidos, temos, atualmente, uma Educação Física lutando por reconhecimento, com um currículo híbrido e fruto de diversas tensões, características tipicamente líquidas. Com o objetivo de analisar a influência da modernidade líquida no campo profissional da Educação Física, a partir da fala de docentes do ensino superior, e visando um recorte que estabelecesse comunicação com esta realidade líquida, entrevistamos treze professores da Licenciatura da Faculdade de Educação Física da ACM de Sorocaba, com apenas uma pergunta fundamental: “O que é Educação Física?”. Embora todos fossem professores da mesma instituição e do mesmo curso, todas as mônadas analisadas foram diferentes e até conflitantes. A análise final discute uma Educação Física com características líquidas, defendida por várias comunidades de pensamentos distintos, sem um espaço demarcado, de identidade oscilante aos apelos da globalização neoliberal e com uma pluralidade enorme de caminhos e possibilidades ofertadas, não tendo essa característica como algo necessariamente negativo de fato, mas, sim, que deva ser analisado e refletido.
Palavras-chave: Educação Física Escolar; Currículo; Modernidade Líquida.