O estudo buscou compreender como a diferenças são abordadas no currículo cultural da Educação Física. Para tanto, entre março de 2017 e novembro de 2019, realizaram-se 61 reuniões formativas com 20 docentes de escolas públicas paulistas que foram estimulados a promover ações pedagógicas inspiradas nos pressupostos epistemológicos e metodológicos da proposta. Mediante entrevistas narrativas, produziram-se 23 relatos de experiência. Os materiais foram submetidos à análise cultural. Os resultados evidenciam que a prática pedagógica culturalmente orientada afirma o direito às diferenças mediante situações didáticas que reconhecem a cultura corporal dos estudantes, promovem a descolonização do currículo, rejeitam o daltonismo cultural e estimulam o encontro de repertórios e saberes distintos sem discriminá-los. As representações preconceituosas manifestadas pelos estudantes e as segregações que aconteceram durante as aulas são combatidas por meio da problematização e desconstrução dos discursos sobre as práticas corporais e seus representantes. A análise dos relatos permite visualizar processos didático-pedagógicos empregados pelos docentes que priorizam um constante movimento pela afirmação das diferenças e, não menos importante, uma ampliação do repertório cultural corporal dos estudantes, qualificando as leituras da ocorrência social das práticas corporais e sua reconstrução crítica.
Palavras‐chave: Educação Física; Currículo cultural; Diferenças