Enquanto terreno de disputas, o currículo da Educação Física tem enfrentado questionamentos quanto aos seus objetivos, métodos de ensino e formas de avaliação. Após as críticas desferidas às intenções de melhoria da aptidão física que marcaram a inserção do componente nas instituições educativas, surgiram propostas fundamentadas na psicobiologia que se mostravam comprometidas com o desenvolvimento cognitivo, afetivo-social e motor. Na última década do século XX, em sincronia com a democratização da sociedade, o ensino da Educação Física experimentou uma mudança de paradigmas: inspirando-se na pedagogia crítica, passou a adotar as ciências humanas como referencial, substituiu o exercício físico e o movimento enquanto objetos de estudo pela cultura corporal de movimento. Mais recentemente, no esforço de responder aos dilemas enfrentados por uma escola cada vez mais plural e democrática, ampliou seu aporte teórico com as contribuições dos estudos culturais e do multiculturalismo crítico, redimensionou sua função social, o objeto de estudo e renovou o seu fazer pedagógico. O presente artigo situa o contexto e os pressupostos dessa proposta curricular denominada “cultural”, explicita os campos conceituais que lhe dão sustentação e, a partir de investigações sobre as experiências realizadas, abstrai os princípios que norteiam as ações docentes e teoriza sobre os procedimentos didáticos que a caracterizam.
Palavras-chave: Educação Física; Currículo; Cultura.