Esta monografia apresenta algumas evidências que nos permitem refletir a respeito da contradição entre a proposta de inclusão e os efeitos causados pelo processo de descontinuidade do Programa Segundo Tempo no núcleo do SESI AE Carvalho no estado de São Paulo, desenvolvido no período de fevereiro de 2003 a fevereiro de 2005. Tencionamos propor nesse estudo uma análise crítica acerca da intenção do Estado na manutenção dos Programas de Solidariedade a fim de desvelar quais são seus objetivos e efeitos na prática. Esse fenômeno inscreve-se na tendência hegemônica das políticas neoliberais voltadas para as camadas mais desfavorecidas economicamente da sociedade lançando mão do esporte como ferramenta estratégica para este fim. Nesse sentido, elaboramos uma pesquisa de cunho qualitativo, objetivando entender o que está por trás da implementação destes projetos, considerando o contexto de injustiça na distribuição de renda e na oferta de serviços públicos de qualidade voltados a esta parcela da população. Assim, pautado na revisão de literatura estudada, supomos que esses programas possuem uma intencionalidade pensada pelo Estado que colabora indiretamente para a formação de determinadas identidades e subjetividades, mediante o poder de certas práticas discursivas e de significação, que visam contribuir para a potencialização do imobilismo social, gerando um sentimento de inferioridade e dependência por parte dos seus participantes e familiares. Nossa hipótese neste estudo nos leva a supor que o processo de descontinuidade do projeto citado é intencional, pois ele é parte de uma pedagogia fragmentada que objetiva minimizar as tensões sociais durante o desenvolvimento do programa e, diante de sua interrupção, silenciar as vozes dos participantes, familiares e comunidade, transmitindo a sensação de dever cumprido por parte do Estado.

Palavras Chaves: Projetos Sociais, Esporte, Inclusão, Exclusão, Tensão Social, Legitimação.

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